domingo, 9 de outubro de 2011

Manicômio Fiscal XXX

Cenário: Gabinete do Procurador-Geral. Do lado de fora, pessoas aguardam para ser atendidas. Personagens: o Procurador-Geral e servidores.
Sobe o pano.
Procurador-Geral (gritou) – Entre o primeiro!
Surge a cabeça de um servidor na porta entreaberta.
Servidor – O senhor dá licença?
Procurador-Geral – Pode entrar!
Servidor – Obrigado... posso sentar?
Procurador-Geral – Nem precisa, vai ser rápido... qual foi o seu crime?
Servidor – Eu autorizei o pagamento de duas diárias a um funcionário e ele não viajou. Eu cometi crime de improbidade administrativa?
Procurador-Geral – Não senhor! Houve apenas mera irregularidade! Manda o funcionário devolver o dinheiro e acabou o processo! O senhor está dispensado! Entra o próximo!
(Sai um e entra outro)
Procurador-Geral – Qual foi o seu crime?
Servidor – Eu aprovei uma licitação e a empresa vencedora é da minha filha.
Procurador-Geral – O fato de a empresa pertencer à sua filha não é, por si só, um ato de improbidade administrativa, mas, em respeito aos princípios da legalidade e moralidade, cancele a licitação e faça outra. Entra o próximo!
(Sai um e entra outro)
Servidor – Bom dia...
Procurador-Geral – Sem delongas, qual foi o seu crime?
Servidor – Eu nomeei pessoas sem concurso público para cargos de carreira.
Procurador-Geral – Não houve improbidade de sua parte, pois faltou o elemento subjetivo. Exonera essa gente e faça concurso público. Entra o próximo!
(Sai um e entra outro)
Servidor – Eu também nomeei sem concurso. Meu filho, minha enteada e minha sogra.
Procurador-Geral – Sogra também? Aí está caracterizado o elemento subjetivo! Processo de improbidade em cima de você por afronta aos princípios da legalidade, moralidade, impessoalidade e burrice! E não se esqueça de exonerar todo mundo. Entra o próximo!
(Sai um e entra outro)
Servidor – Doutor, eu fui pego usando arma sem registro, mas eu sou Guarda Municipal...
Procurador-Geral – Você cometeu uma ilegalidade, mas não um ato de improbidade... diz uma coisa, qual era a sua arma?
Servidor – Um 38 velho... o senhor quer ver?
Procurador-Geral – Não precisa, mas olha a minha (tirando da gaveta), uma pistola Glock ponto 40... não é uma beleza?
Desce o pano.

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