sexta-feira, 27 de julho de 2012

O julgamento de Lucca D’Epaminondas

Esta foi uma semana de correrias e tumultos em frente do Tribunal da Suprema Corte americana, em Washington D. C., tudo em razão do julgamento preliminar de indiciamento do genial inventor Lucca D’Epaminondas.

As arquibancadas e cadeiras estavam totalmente ocupadas pelo público no plenário do Tribunal, a obrigar a polícia em dividir as torcidas para evitar conflitos. Presidiu a Sessão o honorável juiz, Ping Pong Lee, de 128 anos, assessorado por dois enfermeiros, um para empurrar a cama hospitalar e outro para observar e manter os soros bem aplicados. Não foi permitida a presença de pipoqueiros e vendedores de vodka e energéticos.

Entre aplausos e vaias deu entrada ao recinto o extraordinário cientista, com sua vestimenta tradicional: o abeie, ou capa branca, sandália havaiana e touca negra com uma estrela solitária estampada, tendo ao lado uma foto do jogador Seedorf, de 83 anos, que joga por um clube brasileiro.

O primeiro dia do julgamento foi usado para leitura do processo, de 32.843 folhas, revezando-se na leitura os cantores Frank Sinatra Tataraneto, Elvis Presley, que reaparece após longo e misterioso desaparecimento, e Andrea Bocelli, este último vaiado quando cantou, na abertura, o hino nacional americano em versão italiana. Os cantores foram acompanhados pelo coral da Oitava Igreja Batista do Condado de Biloxi, Estado do Mississipi, sob a regência do maestro John Grisham.

O depoimento de Lucca D’Epaminondas transcorreu sob forte tensão do público que pela primeira vez manteve-se em silêncio, exceto no momento da ola. O cientista reafirmou que nunca na história deste planeta proclamou sua vacina como salvação daqueles que já portavam o terrível mal. “Eu sempre disse que a vacina evita a doença, mas é ineficaz aos que já a contraíram”, disse o inventor.

O advogado de acusação, Dick Wolf, enfatizou a terrível frustração dos portadores do mal, a sentirem-se condenados à morte e renegados à própria sorte: “A proclamada vacina de cura provocou um sentimento de esperança e euforia ao grande universo dos portadores deste mal nefando, para, logo depois, sofrerem a profunda decepção diante da cruel realidade”. Mais adiante, o advogado explicou que a vacina viola o princípio constitucional da isonomia, pois sua ainda duvidosa eficácia recai somente sobre aqueles que estão livres da doença. “A vacina divide a população entre saudáveis e doentes, e demarca estes últimos com o estigma da prematura condenação”, salientou o jurista.

Dick Wolf manteve o pedido de indenização, no valor de 1 bilhão de dólares, a favor da Associação dos Portadores do Terrível Mal, recentemente constituída.  

A advogada de Lucca D’Epaminondas, Susan Sarandon, apresentou gravações de entrevistas do inventor, para comprovar que ele sempre alertou sobre a inaplicabilidade da vacina nas pessoas que já padecem do mal. “Esta vacina erradicará esta terrível doença, mas de forma gradativa, a partir da vacinação dos recém-nascidos. Sua invenção é um verdadeiro milagre, porém não consegue, infelizmente, reverter daqueles que já se encontram em estágio terminal”, disse a renomada advogada, que já foi freira e hoje é casada com o jogador de basquete, Tim Robbins. O marido não estava presente porque disputa um torneio de basquete de praia nas areias de Copacabana, famoso balneário de Buenos Aires, Capital do Chile.

Após as alegações finais, o juiz Ping Pong Lee foi despertado por um dos enfermeiros e deferiu o indiciamento, que levará o cientista a responder por danos materiais e morais diante do júri, em futuro julgamento ainda a ser marcado.

A defesa vai recorrer.

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