quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A entrevista gramatical

- A senhora acredita que a situação econômica do Brasil vai melhorar em 2015?
- Não sei responder por que não sou videnta!
- VIDENTA? Não seria vidente?
- Eu sou mulher, homem é que é vidente.
- Tudo bem. O próximo governo será diferente do atual?
- Eu queria dizer que no próximo mandato eu serei estadista, enquanto que no atual eu fui gerenta!
- GERENTA? Não seria gerente?
- Gerente é homem, gerenta é mulher.
- Tudo bem. E os escândalos de propinas serão esclarecidos?
- Sem dúvida! Eu serei inclementa contra os ladrões!
- INCLEMENTA? Não seria inclemente?
- Sou mulher, portanto, sou inclementa.
- Já entendi. E o PIB vai melhorar?
- Não vou tolerar pibinho! Eu sou uma mulher persistenta!
- PERSISTENTA? Não seria persistente?
- Eu não sou homem para ser persistente.
- Está bem. E a bolsa família vai continuar?
- Não só continuar como crescer. Quero criar a bolsa mulher! Quero ver todas as mulheres deste país felizes e sorridentas.
- SORRIDENTAS? Não seriam sorridentes?
- Sorridentes são os homens. Eu falei nas mulheres.
- E vai ter dinheiro para suprir esse novo programa?
- Farei tudo com os pés no chão. Eu sempre fui prudenta!
- PRUDENTA? Não seria prudente?
- Não esqueça que eu sou mulher!
- Desculpe. A senhora é religiosa?
- Eu sempre fui uma mulher tementa a Deus.
- TEMENTA? Não seria temente?
- Não confunda o meu sexo, por favor!
- E como a senhora vai formar o quadro político do governo?
- O quadro tem que ser, obrigatoriamente, técnico. Não sou atendenta de pedidos políticos.
- ATENDENTA? Não seria atendente?
- Já lhe disse que sou mulher!
- Em suma, o novo governo será diferente do atual?
- Em alguns aspectos, sim, mas nunca esquecer que a palavra final será minha, pois eu continuo a ser a principal DIRIGENTA!
- E senhora vai com tudo nesse segundo turno?
- Claro que sim! Eu sempre fui uma mulher COMBATENTA!!

NOTA: Apesar da brincadeira acima, não podemos esquecer que Machado de Assis, em Obras Póstumas de Brás Cubas, escreveu no Capítulo 80 - Do Secretário: “Na verdade, um presidente, uma presidenta, um secretário, era resolver as cousas de um modo administrativo” (o negrito é nosso).

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