domingo, 13 de dezembro de 2015

Nosotros, os fanáticos

O canal GSAT está transmitindo uma novelinha sobre a vida da Rainha Isabel de Castela. Interessante, apesar das falhas de roteiro e atuações fraquinhas de alguns artistas. O rapaz que faz o personagem Fernando II, coitado, é esforçado, mas fraco que dá pena. De qualquer modo, sempre bom reler parte da história tão importante para a humanidade.

Isabel de Castela, mais ela do que o seu marido, Fernando, deu início à unificação da Espanha atual, não só pelo casamento dos dois (que uniu Castela e Aragão), como, também, pela incorporação de Granada (último reinado mouro na península ibérica) e de Navarra. E foi no reinado dos dois que deu início à auspiciosa fase de enriquecimento da nação hispânica, graças à descoberta do novo mundo.

Todavia, o lado positivo do reinado se obscurece com a decisão do casal, chamado de Reis Católicos, de implantar a Inquisição e nomear para dirigi-la uma das figuras mais grotescas da humanidade, um monstro que se chamava Tomás de Torquemada. Padre dominicano fanático, perseguiu, torturou e matou todos que caíam em suas mãos, pelo simples fato de não pertencerem à Igreja Católica, vítimas a quem o maluco chamava de ‘heréticos’.

Os judeus e os mouros foram as principais vítimas do fanatismo de Torquemada. A morte era pelo fogo, pois o alucinado acreditava que neste tipo de flagelo os pecados eram expurgados e as suas almas teriam uma chance de chegar ao Paraíso. Muitas das vítimas, horrorizadas com a tortura e a morte premente, se diziam convertidas, mas nada adiantava: qualquer denúncia ou suspeita de que o convertimento era falso, levava-as ao castigo e morte na fogueira.

E para dar fim àquela matança indiscriminada, os soberanos resolveram por fim expulsar os remanescentes judeus (fato ocorrido em 1492) e maometanos (em 1512), os sobreviventes da barbárie. Expulsaram porque perceberam enfim que o terror, por maior que seja, não abala a fé dos homens.

Nada melhor relembrar esses fatos históricos quando a humanidade ‘ocidental’ assiste horrorizada a decapitação de pessoas por esses fanáticos islâmicos, e os atentados terroristas provocados, segundo dizem, por motivos religiosos. A única diferença é a inversão dos algozes e das vítimas.

De tudo isso, não resta dúvida de que as três palavras que ainda conduzem a humanidade ao caos são: fanatismo, intolerância e preconceito. O preconceito é forjado desde a infância através da educação familiar e da sociedade. Daí nasce o preconceito religioso, racial, sexual e social. A intolerância se adere ao psico da pessoa preconceituosa. Ninguém é intolerante se não for originalmente preconceituosa. O fanatismo se incorpora à intolerância das mentes fracas e doutrinadas por outros da mesma espécie. Todo fanático é um revoltado, mas um revoltado que se julga prejudicado por ações de outros, nunca por suas próprias ações. O revoltado é um despeitado que não admite os seus próprios erros e deficiências como causas do seu fracasso.

Difícil, realmente, banir essas três malditas palavras do nosso dicionário de vida. Tudo depende do início, e o início é a educação recebida ainda quando criança. E do jeito que as coisas andam, esse banimento vai demorar. E muito. 

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