sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Onde estão os acarajés?

Este, o 'verdadeiro' acarajé. Eta coisa boa!

O Jornal Valor publicou (18/12/2015) trechos das mensagens eletrônicas trocadas entre o Deputado Eduardo Cunha e Léo Pinheiro, na época presidente da empresa OAS. Os emeios foram transmitidos em outubro de 2012. Em vista da importância cultural e literária dos termos das mensagens, vou descrever parte deles:

Léo para Cunha: “O que houve com o bônus da 574?” (explicação: o missivista está se referindo à Medida Provisória 574, cujo objetivo era o de estimular o pagamento dos débitos com o Pasep. O tal bônus seria a ampliação do parcelamento de dívidas tributárias).

Cunha para Léo: “Nelson Barbosa radicalmente contra não aceitou de jeito nenhum, ia derrubar a MP. Vamos tentar com outra mais tempo lá na frente” (explicação, se necessária: o então secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, não permitiu a inclusão do ‘bônus’ e ameaçou indeferir a MP).

No mesmo dia, Cunha pergunta a Léo se na MP 584/2012 havia emendas da OAS e da prefeitura. Léo responde que estava vendo com ‘Dornelles’ (explicação: a MP 584/2012, do Senado Federal, tratava das medidas tributárias referentes aos jogos olímpicos de 2016, estabelecendo uma série de isenções e benefícios às empresas participantes nas obras. Ninguém sabe quem é ‘Dornelles’, um verdadeiro mistério. Havia um único ‘Dornelles’ no Senado naquela época, o Francisco Dornelles, que teria apresentado 15 emendas à MP, mas afirmar que a mensagem se referia a ele é pura especulação).

Alguns dias depois:

Cunha para Léo: “Amigo, nada da Bahia, os caras tão me apertando feio. Nem do empresário local e nem do restante” (explicação: por certo, Cunha havia pedido a interferência de Léo para o pessoal da Bahia despachar um isopor de acarajés, de preferência lá do Rio Vermelho, um dos melhores que existem. Quando diz que os “caras tão me apertando” deve estar se referindo à esposa e outros familiares que adoram acarajé).

Léo para Cunha: “A parte da Bahia já foi sinalizada que está tudo bem. Entendi que essa era a nossa parte, abs.” (explicação: Léo já transmitira o recado para o pessoal da Bahia, e nada mais podia fazer. A propósito, ‘abs’ significa ‘abraços’).

Cunha para Léo: “Amigo, eram duas partes: a do empresariado local e o que você se responsabilizou. Nenhuma das duas aconteceu, absolutamente nada. Infelizmente” (explicação: ou seja, até aquele momento nenhum acarajé fora despachado, infelizmente).

Como se vê, deixaram o homem sem os acarajés, pelo menos até aquele momento. E, convenhamos, promessa é dívida! Habemus acarajés!

Pintura do artista plástico Di Branco

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