sexta-feira, 18 de março de 2016

O perigo que se avizinha

“A primeira coisa que temos a fazer é matar todos os advogados”
(Henrique VI, Parte II, ato 4, cena 2, de Shakespeare).

Da década de 50 até a de 70 o pavor dos governantes norte-americanos era o comunismo ser instaurado na parte baixa de sua vizinhança. Já bastava o pesadelo de Cuba. E assim, instigados, providos e corrompidos pela Agência Central de Inteligência – CIA, civis e militares, todos da direita radical e, como sempre, acompanhados pela rustica populus, deram início aos golpes militares na América Latina. Paraguai, em 1954; Brasil, em 1964; Argentina, em 1966; Peru, em 1968; Bolívia e Uruguai, em 1971; Chile, em 1973, para citar alguns.

Terminado o ciclo de pavor ao comunismo, a política americana passou a estimular o retorno do regime democrático, isso a partir da década de 80 e já ao finalzinho da década de 70. O país que mais demorou foi o Chile, somente em 1990.

Democracia instaurada tomou força o socialismo democrático, em razão, principalmente, do brutal e cruel desnível social que imperava na região. Mas, em alguns países, os conceitos de socialismo e populismo se confundiram. Enquanto o socialismo busca diminuir a distância entre ricos e pobres, através de uma melhor distribuição da riqueza, o populismo adota práticas políticas de estreitar relações diretas com as classes mais pobres e oferecer aos líderes políticos a oportunidade de desfrutar de maior popularidade. O populismo, quando desfalcado do relevante fator econômico do socialismo, pode desbancar para o lado da demagogia, forma de agradar o povo e ter condições, assim, de manipulá-lo, mediante promessas vãs e uma enorme capacidade de saber mentir sem perder o prumo. Na América Latina, tivemos alguns exemplos do populismo demagógico.

Contudo, o bom socialismo é aquele que sabe até onde pode ir, sem arruinar as classes mais produtivas e, consequentemente, mais ricas. E é aquele que sabe, também, estimular o crescimento da riqueza para oferecer melhores benefícios aos mais pobres. Ou seja, nada de dividir um pão no meio. A ideia é botar dois pães na mesa. E para tanto, sabem adotar uma política fiscal e econômica equilibrada e aplicar os recursos com critérios técnicos e justos no desenvolvimento social e econômico do país.

No Brasil atual, o programa que visa reanimar a economia e, consequentemente, a sociedade, foi deixado de lado e substituído por disputas políticas e policiais. O confronto passou a envolver o Judiciário, que deveria ficar a parte, como baluarte da defesa da segurança jurídica. Os poderes se misturam numa confusão dos diabos! O Poder Executivo, atacado por todos os lados, esquece suas prioridades e gasta todo o seu tempo em criar blindagens que o mantenha no poder. O Legislativo, um verdadeiro manicômio, já não é formado de partidos e coligações partidárias, mas de consórcios de interesses recíprocos, de grupinhos e grupelhos. O Judiciário atropela suas competências, radicaliza as posições de seus indivíduos, que agora passam a pentear diariamente os seus cabelos para apresentações na mídia.

Tudo isso só nos leva ao confronto. E do confronto ao autoritarismo é um pulo. Quem não acredita, basta estudar História. 

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