Com o intuito de aumentar seus
lucros e atender com maior rapidez a voracidade humana, as indústrias de
frangos (que antigamente eram conhecidas pelo nome singelo de granjas)
promoveram estudos e implantaram tecnologias que permitissem abater os animais
com menos de dois meses de vida. Um frango de 42 dias já estava pronto para ser
devorado.
Não se tratava mais de ‘criar
galinhas’, mas de produzir frangos, entupindo os bichinhos de produtos
químicos, vitaminas e fortificantes, para acelerar o crescimento e reduzir o
tempo de criação. Em meio a essa corrida louca contra o tempo, na luta da
concorrência, surgiram algumas deformidades, como galinhas com uma espécie de ‘elefantíase’
nas pernas. Ora, nada disso importa, porque o predador humano não vê o bicho
vivo: já vem morto e separado em partes. E temperado a gosto.
Ocorre, porém, que a coisa está
mudando. As chamadas ‘boas’ pessoas, aquelas cuja hipocrisia está acima da sua
própria compreensão de que é uma pessoa hipócrita, não querem mais comer
franguinhos tão novinhos, coitadinhos, que não tiveram nem tempo de gozar a
vida. Essas ‘boas’ pessoas, certamente de origem educada e de boa formação,
horrorizadas com o pouco tempo de vida dos pintinhos, exigem agora comer frango
mais velho, vamos dizer, com 80 dias de vida. Ou seja, praticamente o dobro da
vida de um coitadinho.
Com essa revirada do mercado de
consumo, as indústrias de frangos já anunciam os dois tipos de faixas etárias:
frangote de 42 dias e frango de 80 dias. É lógico que o de 80 dias é mais caro.
O marketing gira em torno do seguinte: “Predador, deixe a sua vítima viver um
pouco mais: coma Happy Chicken! O Frango Feliz!”.
Então é assim: as pessoas de bom
coração, revoltadas com a matança de animais, estão dispostas a pagar mais um
pouco para devorar frangos, digamos, mais idosos, o que atenua e disfarça suas
consciências de predadores vorazes. Típico do ser chamado humano, não é mesmo?
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