terça-feira, 27 de setembro de 2016

Operação Negu Véio

Três agentes da Polícia Federal, Agentes Tim, Tom e Tam, foram incumbidos de interrogar o Pai de Santo Negu Véio, na tentativa de descobrir quem eram os indivíduos com a alcunha de “Italiano”, “JD” e “Menino da Floresta”, que constavam na planilha de propinas da Odebrecht.

Ao chegarem ao terreiro do Pai de Santo, os três agentes, todos de terno preto, óculos ray-ban preto e chapéu coco preto (o chapéu foi uma inovação no figurino, bolada pelo Agente Tom), encontraram Negu Véio sentado num caixote e jogando búzio numa madeira deitada no chão.

Disse o Agente Tam, que chefiava a operação:

- Negu Véio, queremos saber os nomes verdadeiros desses três caras que estão nessa planilha!

Negu Véio, deu uma risadinha e afastou o papel que o Agente lhe estendia.

- Mis in fi, eu num sei lê essas letras. Diz pra mim o primeiro nome.

O Agente Tam respondeu:

- Italiano!

Negu Véio jogou os búzios no chão. Olhou, examinou e respondeu:

- Mis in fi, Italiano é um hômi que gosta de macarrão. Descobre quem gosta de macarrão e vai sabê quem é.

Rapidamente, o Agente Tom se afastou e falou no comunicador preso no seu ombro. Logo depois, retornou assentindo com a cabeça para os outros dois.

- Ele gosta de macarrão. É ele!

O Agente Tam, satisfeito, voltou a falar com Negu Véio.

- E quem é JD?

O velho jogou os búzios, examinou, e respondeu:

- É um tal de João Du, mis in fi. É coisa de americano.

- John Doe! Exclamou o Agente Tim.

- Pode ser qualquer um! Se não é aquele que pensávamos, pode ser qualquer outro!

O Agente Tam se afastou e falou no comunicador de ombro: “Pode prender! Qualquer um serve”.

E voltou a falar com Negu Véio.

- E agora o último, Negu Véio! Quem é o Menino da Floresta?

Negu Véio deu uma risadinha.

- Este é o mais fácil, mis in fi. Nem preciso de búzio. Menino da floresta é quem vem da selva. E da selva virou da silva.

Os três agentes pensaram alto:

- Da selva, da silva, Da Silva, DA SILVA!!

E saíram correndo, cada um a falar no seu comunicador de ombro.  

domingo, 25 de setembro de 2016

Por que não falar em Aristóteles?

Outro dia, um comentário no facebook despertou minha vontade de escrever sobre as ideias de Aristóteles. O momento é mais do que propício. Tudo que vem acontecendo em nossa terra faz-nos lembrar da forma de governar em suas três concepções aristotélicas: a) a tirania (antítese da democracia) que é uma forma de governar baseada na ilegalidade, quando as normas constitucionais são violadas, e que só poderia ser utilizada em situações emergenciais ou excepcionais; b) a democracia, forma de governar em nome da maioria, cuja capacidade de governar se baseia na liberdade; e c) a monarquia, que é o governo de um só, cuja capacidade de governar se baseia na unidade de poder.

Dizia Aristóteles que a degeneração da democracia é a demagogia. Aproveitam-se da democracia com o intuito de conduzir o povo, por meio de manipulações no sentido de agradar a maioria com falsas promessas e esconder a realidade. A demagogia é considerada a grande falha da democracia, pois acaba por permiti-la aos políticos amorais. Já a tirania nos conduz à ditadura, ao imperialismo (expressões minhas, não de Aristóteles).

Dizia ainda Aristóteles que o Estado tem por finalidade a formação moral dos cidadãos, e a propiciar os meios necessários a mantê-la como pilar da sociedade. Moral significa “de acordo com os bons princípios” (ética e honestidade, entre outros). E sendo assim, o próprio Estado tem que manter a moral como base de seus próprios atos e ações, como exemplo maior para todos. Se for o contrário, um Estado imoral conduz o povo à imoralidade.

Podemos, então, tirar algumas conclusões:

A – a demagogia é o ‘câncer’ da democracia. Governo demagógico perde sua posição de democrático, pois ilude e engana o povo. Demagogia é imoral e Governo imoral retira a essência da finalidade do Estado. Candidatos demagógicos trabalham contra a democracia.

B – na democracia é o povo que elege seus governantes. Em consequência, somente o povo que os derruba. Em vez de impeachment o correto seria plebiscito.

C – na democracia ‘pura’ seriam eleitos em maioria os representantes da classe social preponderante, porque, por evidência, a maioria dos eleitores faria parte desta classe. Se assim não for, é porque a democracia deu lugar à demagogia, ou seja, ao engodo, à enganação.

Enfim, alerto que estou comentando os princípios de Aristóteles, é claro. Mas, se alguém não gostar deles, tenho outros, como os de Maquiavel, Kant, Marx, Nietzsche, princípios para todos os gostos e a preços módicos. 

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

O interrogatório final

Cá estão eles, os meninos bem vestidos. Terno cinza Ermenegildo Zegna, sapato Ferragamo, por certo tudo comprado a prazo ou no cartão de crédito, para compor este momento, o momento crucial de suas vidas. Eles vão me interrogar! E todos com aquela aparente ausência de envolvimento emocional, a induzir o acusado a acreditar na integridade dos inquisidores. Quem engana? Eu os conheço bem!

São meninos! Comportados, eles seguem o manual de interrogatório do FBI, o velho processo dos nove passos. Inicia-se com a pergunta acusatória ofensiva; depois, a atenuação; outra acusação; a solidariedade; nova investida; o apaziguamento; a busca da conciliação; por aí vai... Coitados... Se sentem mestres no ofício, porque leram um livro. Pois eu nunca li um livro na minha vida, mas já sei de cabeça todo o desenrolar do manual de interrogatório, a mim imposto desde o tempo da ditadura. Meninos: não será fácil, vocês vão sofrer comigo!

Não existe nada mais barulhento que o mutismo total! O silêncio brutal e ofensivo de quem é vítima do esperneio dos acusadores. Acusam-me e eu me calo! Agrido-lhes com a fúria do meu silêncio! Estão perplexos!

Enquanto eles perguntam, eu me devaneio em pensamentos. A verdade (que eles não precisam saber) é que sempre vivi impune! Meus crimes (sei agora que eram crimes) me galgaram à galeria dos deuses! Eu não andava; eu flutuava sobre os subservientes. Eles me idolatravam, e eu, mais ainda, me adorava! Ah, como fui apaixonado por mim! Eu passava e via os olhos arregalados me admirando. Eu era o show, o mundo a plateia. E agora, esses meninos me impingem o surrado manual do FBI. É ridículo e injusto!

Perguntam agora sobre propinas... E eu calado a olhar para o teto. Propinas... Eles não sabem algumas verdades: nunca em minha vida pedi propina! Nunca! Mas, por motivos de educação, nunca recusei as ofertas. São coisas diferentes.

Perguntam sobre minhas ambições... Desejos? Sim, sempre tive um desejo, um desejo bem guardado, nunca confessado e não será agora o momento de contá-lo. Eles não sabem que, em vez de uma faixa peitoril, sempre quis uma coroa. Uma coroa cintilante, cravejada de pedras preciosas, pousada mansamente em minha cabeça. Se um dos subalternos do meu tempo de mandante tivesse tido um lampejo de inteligência, e mesmo que insinuasse sutilmente que eu merecia uma coroa, ah, eu faria aquela ideia vingar, faria uma algazarra até ganhar contornos jurídicos (para isso servem os bajuladores advocatícios), até concretizar-se em cerimônia episcopal. Eu seria coroado! Este sempre foi meu único desejo, mas as formigas humanas se alastravam aos meus pés e não percebiam o que eu mais gostaria de ter.

E cá estão os meninos! Nervosos! Desesperam-se diante do meu radical silêncio. Claro que não vão propor delação premiada se eu já sou o píncaro dos delatados. E eu que gosto tanto de falar... Mas aqui não é o lugar, não sou besta. Ah, como seria bom agora um tragozinho da Havana. A Germana resolvia... Uma cigarrilha... Eles pensam que estou com medo, esse bando de fedelhos! Aposto que nunca chegaram ao nono passo do interrogatório do FBI. Esse passo dói, e muito! Eles não têm peito de aplicá-lo! A turma da ditadura tinha, eu sei. 

sábado, 10 de setembro de 2016

As eleições municipais na Comunidade

Neste sábado, lá fui eu comprar o pão de cada dia. Faço hora em casa para aguardar a fornada das sete, mas, às vezes, sou convocado a participar dos debates em frente à banca de jornais do Daniel, que fica exatamente ao lado da padaria. Já percebi que a turma considera de grande importância a minha presença, apesar da minha mínima participação. Acho que sou o Dornelles da Comunidade.

Bem, Chinelinho me viu e gritou me chamando. Tive que ir. O assunto era eleição. Chinelinho foi logo pegando duro:

- Doutor! Em quem o senhor vai votar pra Prefeito?

Salvou-me a idade, bendita velhice!

- Eu não voto mais! A idade permite.

Dona BPereira, com o mais recente filho nos braços, sempre desbocada:

- Eu não voto em ninguém! Cambada de safados!

Henheco, o eletricista comunista, aproveitou:

- Eleição da burguesia! O voto não leva a nada! O regime só muda com a revolução armada!

O Daniel, sempre apaziguador:

- Calma, Henheco! Cada um vota de acordo com a sua consciência.

Dona Zica das Tainhas comentou baixinho:

- Eu vou votar naquele magrinho que fala: “Que Deus os abençoe”. Eu sempre respondo amém.

Índio das Verduras tirou um cartão do bolso.

- Vocês poderiam votar nesse cara aqui. O meu fornecedor do Ceasa, que me vende fiado, pediu pra conseguir voto pra ele.

O vigia Bill, com aquela calça velha de moletom e sem camisa, foi logo dizendo:

- O meu patrão me mandou votar num amigo dele. Disse que o cara é bom.

Pezinho, que só pensa em futebol, perguntou:

- O Romário vai ser candidato? Se for, eu voto nele... Jogava um bolão!

Chinelinho resolveu confessar o seu voto:

- Vou votar no Tinhoso da Pedreira! Me prometeu uma boca na Prefeitura...

Dona Zica das Tainhas fez o sinal da cruz.

- Tinhoso? Deus me livre!

Não resisti e falei me dirigindo ao Daniel:

- Está vendo, Daniel? Todos vão votar de acordo com as suas consciências.

Bokão, o pedreiro, foi o último a expressar a sua opinião:

- Minha consciência, doutor, é ter trabalho e botar dinheiro em casa.

Resolvida essa questão de consciência, fui à padaria comprar o meu pão. 

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

As promessas dos candidatos a Prefeito

A campanha política atual para Prefeito mostra que os candidatos dão preferência absoluta aos temas da saúde, educação e transporte. Alguns deles também comentam o problema da segurança. São, realmente, os assuntos do gosto dos eleitores.

Todavia, nenhum deles explica como fazer dinheiro para pagar todos os investimentos prometidos. Não comentam a necessidade de ampliar e modernizar a máquina fazendária para que os recursos arrecadados permitam as melhorias na saúde, educação e nas vias urbanas. Eles consideram esse assunto despiciente, que não interessa a maioria do pacato e burro povo brasileiro. Pois, para eles, o povo só quer ouvir coisas boas, mesmo que sejam vãs promessas, desprovidas de soluções lógicas.

Afinal, as Prefeituras sofrem uma das maiores crises financeiras dos últimos vinte anos. Em muitos Municípios os salários dos servidores estão atrasados, os fornecedores não recebem, as obras são interrompidas, e os candidatos a prometer grandes investimentos, como se a economia mudasse radicalmente com as novas eleições municipais. E se o povo acredita nisso, a razão só pode ser a sua grande burrice. Desculpe o termo ofensivo, mas não há outra razão para o povo acreditar em quimeras.
Aliás, talvez haja, sim, outra razão: é a esperança. Essa esperança de milagre, de ter fé no impossível. Disse o Presidente do Comitê Internacional Paralímpico que a esperança não tem medo. Pode ser, mas ter esperança sem objetivo prático é mesmo uma burrice.

Quero ver um candidato explicar como reduzir a sonegação de tributos. Em média, os Municípios perdem 45% de IPTU não quitado e de imóveis não lançados. A sonegação do ISS alcança a média de 35%. As taxas municipais, entre inadimplência e falta de lançamentos, uns 60% de perda. E a piorar, temos os Municípios que nem cobram os tributos de sua competência.

Muitos desses candidatos que estão aí dizem entre amigos que cobrar IPTU significa perder eleitores. E ao mesmo tempo, prometem grandiosos investimentos. De onde virá o dinheiro, isso eles não explicam.
Enquanto isso, a Fiscalização não consegue adquirir uma viatura para fiscalizar. Não consegue um computador para controlar os contribuintes. Os servidores fiscais são vistos como “inimigos” do Prefeito, porque cobra dos contribuintes (eleitores) o que eles devem. Já ouvi de um Prefeito que “se ele pudesse, acabaria com o quadro fiscal, que só lhe traz aborrecimentos”.

Neste período pré-eleitoral é proibido fiscalizar! A Procuradoria Fiscal não pode protestar os devedores! Todos os servidores do Fisco devem, nesses meses, apenas fingir que trabalham. Tudo para que não prejudiquem os candidatos do governo.

E na campanha, os candidatos prometendo milagres. Abrolhos, povo brasileiro!

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Nós, os humanos

E vamos nós... O nosso planeta tem uns 4,5 bilhões de anos de existência. Segundo cálculos de especialistas, se a idade da Terra fosse enquadrada em horário de 24 horas, o tempo de existência da raça humana no planeta seria, até agora, só de 22 minutos! Um ser humano, que viva uns cem anos, teria sua vida calculada em décimos de segundo! Um relance, mais breve que um susto!

Somos, portanto, uma fração da fração temporal do Universo. Uma existência tão fugaz que nem se percebe, e totalmente imperceptível ou nula de importância universal. Lamento dizer-lhes meus amigos, que não somos nada!

Nossos olhos vasculham o céu sob a preocupação de prováveis meteoros a nos atingir. No entanto, temor maior está debaixo dos nossos pés: o interior do nosso próprio planeta. Pisamos na crosta terrestre, a camada mais fina do subsolo, qual a espessura de um tapete. Abaixo dela, uma permanente convulsão de fogo e lavas incandescentes. Em movimento constante, essa massa explosiva provoca fissuras e, às vezes, abre caminho até a superfície. Mas chegará o dia da hecatombe final. O apocalipse, quando a superfície será destruída pela ação devastadora do nosso interior. Os continentes se chocarão e um terremoto único acabará com tudo. Essa destruição total é periódica e a contagem do tempo não para. Não podemos fugir dessa fatalidade.

Calcula-se que a próxima catástrofe absoluta ocorrerá a milhares de anos na frente. Tranquilizem-se, pois, mas não há como escapar de tal perspectiva. Afinal, para nós ainda faltam milhares de anos; para o Universo, daqui a pouco, amanhã talvez.

Somos, então, os soberbos humanos que se julgam superiores a tudo. Que se matam, se digladiam, que maltratam os seus semelhantes, que acumulam riquezas inúteis. E, pasmem, ainda se julgam semelhantes a Deus. E fingimos não perceber a fragilidade de nossas vidas.

sábado, 3 de setembro de 2016

O Sursis

O ar condicionado funcionava no máximo, mas, mesmo assim, a sala do magistrado estava abafada e o ambiente tenso. O Promotor não conseguia ficar sentado, levantando-se a todo o momento com o dedo em riste a apontar o magistrado.

- Excelência! O crime está provado! Já foi julgado! A ré condenada! Como conceder sursis?

Mas o Advogado de defesa não perdia a calma. Sentado, de pernas cruzadas, até esboçava um sorriso irônico. Respondeu no lugar do magistrado:

- Meu caro Promotor, a ré não é reincidente, examine os seus antecedentes...

O Promotor nervoso:

- Não é reincidente? Matou três! Os jornais a chamam de A Ciclista Serial Killer!

O magistrado passava a mão pelos ralos cabelos.

- Calma, Promotor! Vamos ouvir a tese da defesa.

O advogado de pernas cruzadas e curvado a endireitar a meia da perna dobrada, explicou meio sonolento.

- Obrigado, Excelência. De fato, ela foi considerada culpada nos três crimes, mas, observem por favor, os crimes foram iguais, repetitivos, todos decorrentes de surtos psicóticos perfeitamente justificáveis. Examinem o seu passado! Foi torturada, foi perseguida!

O Promotor de pé.

- E isso lhe dá o direito de matar três?

- Ora, Promotor, o senhor sabe que os tais crimes foram acidentes de percurso, meros atropelamentos, ou pedaladas inconsequentes se o senhor quiser...

- Meros atropelamentos? Ela pedalou em cima das vítimas!

- Bem, não vou discutir o que já está julgado. Ela perdeu, nós perdemos, paciência, mas seria uma grande injustiça imputar-lhe uma pena pesada. E esse negócio de Ciclista Serial Killer é coisa da imprensa sensacionalista.

- Quer dizer que vamos deixá-la em liberdade para que mate mais gente?

- Eu já disse que ela surtou. Ela tem realmente esse problema, mas não é sua culpa.

- E essa mania de exigir que todos a chamem de presidenta? Ela é egocêntrica e perturbada mental! Se não vai para a cadeia, então que vá para o Hospício!

O magistrado intervém:

- Calma, Promotor! Não exagere e modere os termos! Temos que analisar juridicamente o problema, e... Espera um pouco, onde está o papel, doutor?

E o Advogado passa um papel para o juiz.

 Ah, obrigado, me deixa ler aqui, considerando que a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias do fato permitem a concessão do benefício, eu vou decidir pelo sursis.

O Promotor protestou:

- Senhor Juiz! Isso é uma aberração jurídica!

O juiz bateu com as mãos na mesa.

- Pode ser uma aberração, mas não maior que o berreiro da turma da ré nos meus ouvidos. Assim eu decido!

- E qual foi ser o sursis?, perguntou o Promotor.

- Crime sem pena! Aliás, eu prefiro Dostoievski, “Crime sem Castigo”. Acho melhor que “Crime e Castigo”.
O Advogado sorridente:

- Gosto muito de Dostoievski. O senhor já leu “Humilhados e Ofendidos”?
E o tema passou a ser Dostoievski. Como o Promotor nunca tivera tempo de ler as obras do escritor russo, pegou a sua pasta, pediu licença, e saiu de fininho.